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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Pessoa, o poeta que viveu só


Fernando Pessoa, nasceu a 13 de Junho de 1888, em Lisboa. Há, precisamente, 125 anos. Hoje, por isso, é dia de aniversário. E no entanto mais apetece dizer o que Almada Negreiros disse a propósito de Camões, em “A cena do ódio”. Parafraseando Almada, podíamos dizer “a pátria onde Pessoa morreu só e onde todos enchem a barriga de Pessoa". A ironia está em celebrar o seu nascimento, quando se sabe que ele morreu no mais discreto isolamento.

No final de vida, Pessoa passava longas temporadas completamente só naquele primeiro andar da Rua Coelho da Rocha. Quando a crise chegou, naquela noite, de 27 para 28 de Novembro de 1935, ele estava sozinho no seu quarto, completamente só em casa. Por ordem do médico foi levado para o Hospital de S. Luís dos franceses. Quando fechou os olhos, e segundo testemunho do seu biógrafo João Gaspar Simões, junto dele apenas estavam três pessoas: o capelão, a enfermeira e o médico. Morreu só, como sempre viveu. 

A cerimónia fúnebre foi discreta, e as lágrimas poucas ou nenhumas — «Descansa, poucos te chorarão...», dissera ele um dia ao seu amigo Álvaro de Campos. Alguns velhos companheiros, os velhos companheiros que restavam do Orpheu, alguns admiradores novos, um ou outro dos seus patrões (Luís Moutinho), o barbeiro seu amigo. 

Como julgava Pessoa que ia ser (ou não) lembrado? Escreveu ele:

[…]
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...
Depois, lentamente, esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente,
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram, 
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.

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