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sexta-feira, 28 de março de 2014

O charadista Pessoa


Jerónimo Pizarro, um reconhecido pessoano, disse recentemente numa entrevista, a propósito da “descoberta” de cinco sonetos inéditos do Pessoa, que há ainda muitos documentos por tratar, concluindo que temos que estar preparados para mais surpresas!

O Pessoa está sempre a surpreender…

Afinal, o heterónimo A.A.Crosse, o mais conhecido, não foi o único através do qual o Pessoa deu asas à sua faceta charadista. 

Afinal, que se conheçam até à presente data, há mais mais dois: Henderson Carr e Tagus.


[…] J.C. Henderson Carr (J.G.H.C.) - Vem dos tempos da Commercial School e aparece duas vezes num manual de taquigrafia, Pitman’s shortland instructor, confirma Richard Zenith. O seu nome, e o de outro heterónimo Tagus, constam de um conjunto de textos que seriam reunidos sob o título “Rags” (Trapos). No Natal Mercury, participa de um concurso de charadas […].

[…] Tagus — Com esse pseudónimo dos tempos de Durban, do latim (Tejo), Pessoa chega a ser “premiado por um Molière”, em 12 de Dezembro de 1903, no Natal Mercury, por propor charadas e enigmas. Esse prémio correspondeu a “Les oeuvres de Molière” — que ficaram na biblioteca particular de Pessoa. Zenith ainda lembra um curioso incidente, quando o jornal trata o vencedor do prémio por mr (senhor), quando, em razão da idade, deveria tê-lo tratado mais propriamente por master (menino). Tagus sucede a J.G. Henderson Carr e antecipa A.A. Crosse. […]
José Paulo Cavalcanti Filho, in "Fernando Pessoa - uma quase autobiografia"

Segundo Zenith, J.G.H.C. ainda mandava, ao jornal, charadas que eram invariavelmente solucionadas por outro heterónimo - Tagus. Neste ponto, apetece-me dizer que o poeta tem hoje muitos imitadores por aí...

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