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quinta-feira, 27 de março de 2014

O Imperador da Língua Portuguesa


O padre António Vieira, missionário jesuíta, nasceu em Lisboa em 1607 e morreu na Baía, Brasil, em 1696. Ele é, sem duvida, a figura cimeira do seculo XVII português, não só pelo seu papel fundamental na defesa dos direitos dos índios brasileiros contra os desmandos dos colonos, mas também pela acção, junto das principais cortes europeias, no reconhecimento da restauração da independência portuguesa após os sessenta anos do domínio filipino.

Mas a importância do padre António Vieira assenta, sobretudo, na forma como, através dos seus textos, enriqueceu e consolidou a língua portuguesa, facto que levou Fernando Pessoa a chamar-lhe “imperador da língua portuguesa”.

ANTÓNIO VIEIRA

O céu ‘strela o azul e tem grandeza.
Este, que teve a fama e à glória tem,
Imperador da língua portuguesa,
Foi-nos um céu também.

No imenso espaço seu de meditar,
Constelado de forma e de visão,
Surge, prenúncio claro do luar,
El-Rei D. Sebastião.

Mas não, não é luar: é luz do etéreo.
É um dia; e, no céu amplo de desejo,
A madrugada irreal do Quinto Império
Doira as margens do Tejo.

Fernando Pessoa, in Mensagem

António Vieira é, igualmente, na senda de Bandarra, um dos visionários que acredita que a Portugal estará reservada uma missão superior e divina: a construção de um Quinto Império, universal e eterno - “A madrugada irreal do Quinto Império”, como diz o Pessoa no poema.

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