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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O barrete frígio


Há dias, um amigo dizia que os Gregos nos davam grandes lições, a propósito de uma ilustração do deus Cronos. É verdade. No tempo em que não havia explicações científicas para diversos fenómenos da natureza, os gregos procuraram a explicação de coisas complexas, por forma a que as pessoas comuns da época conseguissem entender. Os mitos ajudam-nos a entender as relações humanas.

São bem conhecidos os mitos atribuídos a Midas: "Toque de Ouro" e "Orelhas de Burro". Todavia, deve dizer-se que Rei Midas existiu realmente. Governou a Frígia (uma região da moderna Anatólia, Turquia), no séc. VIII A.C., segundo concluíram, em 1954, pesquisadores do Museu de Arquelogia e Antropologia da Universidade da Pensilvânia.

O mito mais conhecido é o "Toque de Ouro". O Rei Midas gostava muito de moedas de ouro. Certa vez, deu hospitalidade ao deus Baco que se havia perdido no seu reino e, por isso, levado a sua presença. Baco, em sinal de gratidão, ofereceu então a Midas o direito de escolher a recompensa que desejasse. "Pede que eu dou", disse Baco. "Quero que tudo em que eu toque se transforme em ouro", respondeu Midas. E assim foi. Midas, jubiloso com o poder recém-adquirido, ordenou aos criados para servirem um magnifico repasto. Porém verificou, horrorizado, que, se tocava o pão, este enrijecia em suas mãos; se levava comida à boca, seus dentes não conseguiam mastigá-la. Tomou um cálice de vinho, mas a bebida desceu-lhe pela boca como ouro derretido, sua filha se encostou a ele e se transformou em ouro. Percebeu rapidamente que ia morrer à fome e à sede. Então, pediu a Baco para lhe retirar esse dom. "Está bem, vai àquele rio (rio Pactolo) e lava-te bem nas águas correntes", disse-lhe Baco. E ele assim fez. Ele retomou a natureza primitiva e, a partir de então, o rio ficou cheio de palhetas de ouro, para enriquecer os homens.

O outro mito de Midas, muito conhecido, é "Orelhas de Burro". Após os eventos envolvendo o toque de ouro, Midas abandonou a riqueza e virou um seguidor de Pã, deus dos bosques. Um dia, há um duelo no reino: A flauta de Pã (uma espécie de música pimba) ou a Lira de Apolo (aquela que eleva o coração dos homens)? O Rei Midas ficou do lado da primeira. Apolo, enfurecido, deu a Midas orelhas de burro. Por isso, nasceram-lhe umas grandes orelhas. Ficou com orelhas de burro. Bem, para evitar os risos, teve de esconder as orelhas com um grande barrete, o famoso barrete frígio. Ninguém sabia. Os súbditos pensavam até que se o rei tem uma grande cabeça, logo é muito inteligente. Grande cabeça, reverenciavam eles. Ninguém sabia, menos o barbeiro. Era um segredo de Estado, que o barbeiro sabia e guardou durante muito tempo. Mas, como todos os segredos de Estado, rompem essa cortina de sigilo. Então, o barbeiro, cheio de ansiedade, fez uma cova no chão e gritou lá para dentro: "O Rei tem orelhas de burro!", Repetiu, vezes sem conta, até achar que estava aliviado do segredo. Mais tarde, nesse local, nasceram canas, E um dia um pastor, ao passar, arrancou uma e fez uma flauta. E da flauta saiu uma melodia com a seguinte letra: "O Rei Midas tem orelhas de burro!". A frase, empurrada pelo, espalhou a história pelo reino. Todo o reino ficou a saber.

O barrete frígio - o barrete com que o Rei Midas escondia as orelhas grandes - passou à História. Foi adoptado, com a cor vermelha, pelos republicanos franceses que lutaram pela tomada da Bastilha, em 1789, que veio a culminar com a instalação da primeira república. A partir daí, o barrete frígio, vermelho, tornou-se um forte símbolo do regime republicano. O barrete frígio ou o barrete vermelho.

Os portugueses com a mania de copiar o estrangeiro, sobretudo o que vem de França, também adoptaram o barrete frígio, aquando da implantação da República em 1910.

Também a nossa "República" tem na cabeça um barrrete frígio. Um barrete frígio? Porquê? É estranho. Fico perplexo. Para esconder as orelhas grandes? Para esconder as orelhas de burro? Que quiseram ocultar os nossos republicanos? 

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