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quinta-feira, 21 de julho de 2016

Devaneios cruzadísticos - José Régio

"Da tal casa tosca e bela" é o verso do poema "Toada de Portalegre" do poeta português José Régio, pedido com a resolução do passatempo do mês de Julho.

(...)
Senão quando o amor de Deus
Ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Confia uma sementinha
Perdida entre terra e céus,
E o vento a trás à varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela!
(...)


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Respostas de: Aleme; Anjerod; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita; Baby; Caba; Corsário; El-Nunes; Elvira Silva; Fumega; Homotaganus; Horácio; Jani; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Lindamor; Lurdes Polido; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Mister Miguel; Nantília Rosa; Olidino; Osair Kiesling; Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva e Virgílio Atalaya.

Até Breve! 

Para os que gostam de poesia aqui fica o poema inteirinho. Vale a pena (re)ler.


Toada de Portalegre

Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Morei numa casa velha,
Velha, grande, tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela...

Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- Quis-lhe bem como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como ao do meu aconchego.

Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De montes e de oliveiras
Do vento soão queimada,
( Lá vem o vento soão!,
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão...)
Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
Na tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela,
Tinha, então,
Por única diversão,
Uma pequena varanda
Diante de uma janela.

Toda aberta ao sol que abrasa,
Ao frio que tosse, gela,
E ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda
De redor da minha casa,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos oliveiras e sobreiros
Era uma bela varanda,
Naquela bela janela!

Serras deitadas nas nuvens,
Vagas e azuis da distância,
Azuis, cinzentas, lilases,
Já roxas quando mais perto,
Campos verdes e Amarelos,
Salpicados de Oliveiras,
E que o frio, ao vir, despia,
Rasava, unia
Num mesmo ar de deserto
Ou de longínquas geleiras,
Céus que lá em cima, estrelados,
Boiando em lua, ou fechados
Nos seus turbilhões de trevas,
Pareciam engolir-me
Quando, fitando-os suspenso
Daquele silêncio imenso,
Eu sentia o chão a fugir-me,
- Se abriam diante dela
Daquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Na casa em que morei, velha,
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
À qual quis como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego...

Ora agora,
Que havia o vento soão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Que havia o vento soão
De se lembrar de fazer?
Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
Que havia o vento soão
De fazer,
Senão trazer
Àquela
Minha
Varanda
Daquela
Minha
Janela
O testemunho maior
De que Deus
É protector
Dos seus
Que mais faz sofrer?

Lá num craveiro, que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Poisou qualquer sementinha
Que o vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Achara no ar perdida,
Errando entre terra e céus...,
E, louvado seja Deus!,
Eis que uma folha miudinha
Rompeu, cresceu, recortada,
Furando a cepa cansada
Que dava cravos sem vida
Naquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tosca e bela
Á qual quis como se fora
Feita para eu morar nela...

Como é que o vento soão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Me trouxe a mim que, dizia,
Em Portalegre sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
Me trouxe a mim essa esmola,
Esse pedido de paz
Dum Deus que fere... e consola
Com o próprio mal que faz?

Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for
Me davam então tal vida
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
Me davam então tal vida
- Não vivida!, mas morrida
No tédio e no desespero,
No espanto e na solidão -
Que a corda dos derradeiros
Desejos dos desgraçados
Por noites do vento soão
Já varias vezes tentara
Meus dedos verdes suados...

Senão quando o amor de Deus
Ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Confia uma sementinha
Perdida entre terra e céus,
E o vento a trás à varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela!

Lá no craveiro que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Nasceu essa acàciazinha
Que depois foi transplantada
E cresceu; dom do meu Deus!,
Aos pés lá da estranha casa
Do largo do cemitério,
Frente aos ciprestes que em frente
Mostram os céus,
Como dedos apontados
De gigantes enterrados...

Quem desespera dos homens,
Se a alma lhe não secou,
A tudo transfere a esperança
Que a humanidade frustrou:
E é capaz de amar as plantas,
De esperar nos animais,
De humanizar coisas brutas,
E ter criancices tais,
Tais e tantas!,
Que será bom ter pudor
De as contar seja a quem for.

O amor, a amizade, e quantos
Sonhos de cristal sonhara,
Bens deste mundo, que o mundo
Me levara,
De tal maneira me tinham,
Ao fugir-me,
Deixando só, nulo, atónito,
A mim, que tanto esperara
Ser fiel,
E forte,
E firme,
Que não era mais que morte
A vida que então vivia,
Auto-cadáver...

E era então que sucedia
Que em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Aos pés lá da casa velha
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- A minha acácia crescia.

Vento soão!, obrigado
Pela doce companhia
Que em teu hálito empestado,
Sem eu sonhar, me chegava!
E a cada raminho novo
Que a tenra acácia deitava,
Será loucura!..., mas era
Uma alegria
Na longa e negra apatia
Daquela miséria extrema
Em que eu vivia,
E vivera,
Como se fizera um poema,
Ou se um filho me nascera.

José Régio, in Fado

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Cumpriu-se o Sonho



Nós, que nos habituarmos às vitórias morais, 

Nós, que somos um povo de quem diziam não nos governamos nem deixamos que nos governem,

Nós, tantas vezes considerado um país do Sul, indolente, tristonho, mandrião, 

Nós, que somos um país que tantas vezes amochou perante os grandes da Europa,

Nós, que somos um país que tantas vezes se agachou ao peso de imposições de pobreza,


Ó meus amigos, Portugal levantou-se de entre brumas da memória e foi Grande. Apostou e ganhou. 


Cumpriu-se o Sonho.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Devaneios cruzadísticos - José Régio

José Régio. pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde, a 17 de Setembro de 1901, e faleceu, na mesma cidade, a 22 de Dezembro de 1969. Todavia, podemos dizer que José Régio dividiu a sua vida por duas terras que muito amou:

Vila do Conde, onde nasceu: Vila do Conde, espraiada / Entre pinhais, rio e mar!/ - Lembra-me Vila do Conde,/Já me ponho a suspirar/ (...)

Portalegre, onde viveu grande parte da sua vida (1928 a 1967): Em Portalegre, cidade / Do Alto Alentejo, cercada / De serras, ventos, penhascos, /oliveiras e sobreiros /Morei numa casa velha, / Velha, grande, tosca e bela / à qual quis como se for / feita para eu morar nela/ (…)

Foi porventura o único escritor em língua portuguesa a dominar com grande e igual mestria todos os géneros literários: poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista, jornalista, crítico, autor de diário, memoralista, epistológrafo e historiador de literatura. 

Em 1927, com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões, fundou a revista Presença, que veio a ser publicada, irregularmente, durante treze anos. Esta revista marcou o segundo modernismo português, que teve como principal impulsionador e ideólogo justamente José Régio. 

Como escritor, José Régio é considerado um dos grandes criadores da moderna literatura portuguesa. Reflectiu em toda a sua obra problemas relativos ao conflito entre Deus e o Homem, o indivíduo e a sociedade.

Hoje em dia as suas casas em Vila do Conde e em Portalegre são Casas-Museu, por onde  já peregrinei e cuja visita aconselho vivamente. Em ambas, sobretudo na de Portalegre, deslumbramo-nos com um rico acervo de arte sacra e de arte popular.

De sorte que desafio os meus amigos a solucionar este problema e, no final, encontrar um verso (6 palavras nas horizontais) do poema Toada de Portalegre do poeta português José Régio.


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HORIZONTAIS: 1 – Fruto seco; Pessoas. 2Instituto do Comércio Externo de Portugal [sigla]; Leito conjugal. 3 – Adoráveis; Senhora. 4De + a [contracção]; Igual; Firma. 5 – Desejo; Tecido de algodão bengali. 6 – Grosseira. 7 – Bloqueio; Indigna. 8 – Saudar; Período de doze meses; Pronome pessoal que designa a segunda pessoa do singular e indica a pessoa a quem se fala. 9 – Pedras de amolar; Culpa. 10 – Leitoa; Formosa. 11 – Mentira [figurado]; Disformes.

VERTICAIS: 1 – Graça [figurado]; Cai. 2 – Reconhece o mérito de; Desaparecer [figurado]. 3 – Preposição que designa ausência; Invólucro. 4 – Anúncio; Dar à luz; Sufixo nominal, de origem latina, que na formação de adjectivos e substantivos, exprime a ideia de agente. 5 – Gosto; Período. 6 – Fatia. 7 – Nome vulgar do óxido de cálcio; Bolo pequeno, doce ou salgado, geralmente servido com manteiga. 8 – Outra coisa [antiquado]; Rema em sentido contrário para retroceder; Esfera. 9 – Enchem até à borda; Monarca. 10 – Estimas; Arte pobre. 11 – Juntas; Fama [plural].


Clique Aqui para imprimir.

Aceito respostas até dia 20 de Julho, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes.

Até breve!